PRINCÍPIOS BÁSICOS
DO RIE
(9 maneiras de colocar o respeito em ação)
Janet Lansbury*
Nas últimas semanas,
vários leitores me pediram para escrever uma postagem que possam compartilhar
com familiares e amigos para explicar os conceitos básicos do RIE (Resources
for Infant Educators / Recursos para Educadores Infantis)da Magda Gerber. Tá certo
que "simples" e "sucinto" não são minha especialidade,
evidenciada pelas centenas de postagens no blog de 1000 palavras que eu
escrevi, todas concebidas para ter menos de 700 palavras. Com essa ressalva,
vou tentar. (Sinta-se livre para saltar para os tópicos a qualquer momento.)
A abordagem RIE poderia ser resumida como ter a consciência de quem são os
nossos bebês. Nós percebemos e reconhecemos que são pessoas únicas e separadas.
Nós aumentamos a nossa consciência observando-os - permitindo-lhes o pouco de
espaço que precisam para nos mostrar quem são e o que eles precisam.
A abordagem RIE também nos torna mais conscientes de nós mesmos. Através da observação sensível aprendemos a não tirar conclusões precipitadas;
por exemplo, achar que nossos bebês estão entediados, cansados, com frio, com
fome, ou querem segurar o brinquedo que parecem ter visto na sala. Aprendemos a
não presumir que os chorinhos ou as agitações signifiquem que os bebês precisem
de ajuda para sentar, serem colocados no colo ou embalados ou ninados para
dormir. Reconhecemos que, como nós, os bebês às vezes têm sentimentos que
querem compartilhar e trabalharão esses sentimentos a seu modo com nosso apoio.
Aprendemos a
diferenciar os sinais que nossos filhos emitem de nossas próprias projeções.
Nós nos tornamos mais conscientes dos hábitos que criamos (como sentar os bebês
ou niná-los para dormir), hábitos que podem se tornar as necessidades da nossa
criança. Estas são necessidades criadas artificialmente e não orgânicas.
Em resumo, a abordagem RIE nos pede para usar nossas mentes, bem como nosso
instinto, para olhar e ouvir com cuidado e atenção antes de reagirmos.
A observação
sensível nos mostra que nossos bebês são indivíduos competentes com
pensamentos, desejos e necessidades próprios, e uma vez que descobrimos essa
verdade, não há retorno. Então, como disse Alison Gopnik, uma dos vários
psicólogos na vanguarda de uma nova onda de pesquisa do cérebro infantil,
podemos nos perguntar: "Por que estávamos tão errados sobre os bebês por
tanto tempo?"
Observadores
experientes coma fundadora do RIE, Magda Gerber, não estavam errados. Mais de
sessenta anos atrás, Gerber e sua mentora, a pediatra Emmi Pikler, sabiam o que
a pesquisa de Gopnik finalmente está provando: os bebês nascem com uma
capacidade de aprendizado fenomenal, dotados de habilidades, pensamentos
profundos e emoções. Pikler e Gerber descartaram a noção de bebês como
"bolhas fofas" anos atrás, entendendo-os como pessoas inteiras que
merecem nosso respeito.
A abordagem do RIE
de Gerber talvez seja melhor descrita como uma forma de colocar o respeito
pelos bebês em ação. Veja como:
1. Comunicamos com
autenticidade. Nós falamos em nossas próprias vozes (embora um pouco mais
devagar com bebês e crianças), usamos palavras reais e falamos sobre coisas
reais, especialmente coisas que pertencem diretamente aos nossos bebês e que
estão acontecendo agora. Nós encorajamos os bebês a desenvolver habilidades de
comunicação fazendo-lhes perguntas, dando tempo suficiente para responder,
sempre reconhecendo sua comunicação.
2. Convidamos os
bebês a participar ativamente de atividades de cuidados, como troca de fraldas,
banhos, refeições e rituais para dormir, e dando-lhes toda a atenção durante
essas atividades. Essa inclusão e atenção focada estimulam nosso relacionamento
mãe/pai-filho, proporcionando às crianças o senso de segurança que precisam
para se separar e se envolver em uma brincadeira autodirigida (quando a criança
toma a iniciativa, escolhe e gerencia a brincadeira).
3. Encorajamos as
brincadeiras autodirigidas e sem interrupções, oferecendo até mesmo aos bebês
mais novos oportunidades de livre brincar, observando sensivelmente para não
interromper sem necessidade e confiando que o que nosso filho escolheu brincar
é suficiente. Perfeito, na verdade.
4. Permitimos que as
crianças desenvolvam habilidades motoras e cognitivas naturalmente de acordo
com seu ritmo inato, oferecendo-lhes oportunidades de movimento e brincadeira
livre em um ambiente enriquecedor, ao invés de ensinar, restringir ou interferir de qualquer forma nesses processos
orgânicos. Nosso papel no desenvolvimento é, principalmente, confiar.
5. Valorizamos a
motivação intrínseca e o direcionamento interno, por isso reconhecemos o
esforço e cuidamos para não elogiar demais. Confiamos que nossos filhos se
conheçam melhor do que os conhecemos, por isso permitimos que as crianças
liderem as brincadeiras e escolham atividades enriquecedoras, em vez de
projetar nossos próprios interesses. Nós encorajamos as paixões de nossos
filhos e apoiamos na realização seus sonhos.
6. Incentivamos as
crianças a expressar suas emoções, aceitando e reconhecendo abertamente.
7. Reconhecemos que
as crianças precisam de líderes confiantes e empáticos e limites claros, e não
humilhações, distrações, castigos ou cadeirinha do pensamento.
8. Permitimos que as
crianças resolvam problemas e experimentem e aprendam com conflitos apropriados
à idade com nosso suporte.
9. Compreendemos o
poder de nossa modelagem e reconhecemos que nossos filhos estão aprendendo
conosco através de cada palavra e ação sobre amor, relações,
empatia, generosidade, gratidão, paciência, tolerância, gentileza, honestidade
e respeito. Mais profundamente, eles estão aprendendo sobre si mesmos, suas
habilidades e seu valor, seu lugar em nossos corações e no mundo.
Nota: estes não são
os princípios oficiais do RIE de Magda Gerber . O resultado de tudo isso? Eu
concordo plenamente com as promessas que Magda Gerber fez: "RIE ajuda os
adultos a criar crianças que são competentes, confiantes, curiosas, atentas, exploradoras,
cooperativas, seguras, pacíficas, focadas, com iniciativas, engenhosas,
envolvidas, direcionadas internamente , conscientes e interessadas ". Mas
o que eu sou mais grata a Magda são os relacionamentos de profunda confiança e
respeito mútuo que tenho com meus filhos. O respeito e a confiança têm um
efeito bumerangue. Eles voltaram para você. Como Magda prometeu, criei crianças
que eu não só amo, mas "em cuja companhia eu amo estar".
*
Texto escrito por Janet Lansbury.
Texto traduzido por Lílian Braga
Comentários
Postar um comentário